sábado, 12 de setembro de 2009

A prática do Futebol



O futebol ao alcance comum, praticado de forma lúdica e sem regras rígidas, equipamentos e uniformes especiais, ou qualquer outra formalidade e disciplina de jogo, conhecido popularmente como "pelada", possui, no mundo todo e em especial no Brasil, uma "dimensão de massa"1-3. Já o futebol profissional requer grande eficiência dos atletas envolvidos em sua prática, sendo que para isso é necessário que os mesmos estejam preparados para reagir aos mais diferentes estímulos, da maneira mais eficiente possível4.
Tanto o futebol profissional, quanto o praticado na forma de lazer, são atividades esportivas intermitentes, com constantes mudanças de intensidade e atividades. A principal via metabólica é aeróbia, devido à duração total da partida e ao fato de que a maioria das atividades no futebol é composta de movimentos sem bola, realizados em intensidade moderada, em geral, análogas às encontradas nos exercícios de resistência5-7, como caminhada e trote. Entretanto, durante o jogo, ocorrem breves esforços de intensidade máxima, com características marcadamente anaeróbias: arrancadas, chutes e saltos - participações que determinam o resultado da partida. Além dessas peculiaridades, as demandas fisiológicas do futebol variam em função da taxa de trabalho exigida por diferentes funções táticas6,7, das condições climáticas e do condicionamento físico e técnico do jogador8.
Jogadores profissionais de futebol correm aproximadamente 10 km por partida9. Deste total, 8 a 18% são percorridos sob a forma de corridas de curtas distâncias em alta intensidade, algumas realizadas na maior velocidade individual9, que mobilizam substratos energéticos anaeróbios10. Os 8 a 9 km restantes são percorridos sob a forma de caminhadas e corridas em intensidades leves e moderadas. Pode-se afirmar que o futebol é um esporte aeróbio com componentes anaeróbios aláticos e láticos9. Contudo, apesar da maioria das ações durante o jogo serem de cunho aeróbio, os elementos anaeróbios são decisivos para o resultado do jogo, de modo que o futebol pode ser classificado como exercício intermitente de alta intensidade4.
Existem características fisiológicas diferentes para funções táticas específicas, que recrutam funções orgânicas diferenciadas4,5,11. A relação entre os períodos de baixas e altas intensidades varia de acordo com o estilo individual de jogar, porém, o mais importante é a posição do jogador em campo9. No futebol recreativo não há a preocupação com o posicionamento no campo de jogo, de maneira que essas variações não ocorrem seguindo o mesmo padrão.
Vários estudos12-15 têm descrito a intensidade e a demanda fisiológica do futebol, utilizando a monitoração da freqüência cardíaca (FC) durante a partida, por ser uma variável de fácil mensuração e que tem forte correlação com o consumo de oxigênio. Tais estudos apresentam a média da FC como um valor representativo da intensidade do jogo. Porém, valores médios podem ser representativos da intensidade em exercícios contínuos, mas, em atividades intermitentes, têm valor limitado como descrição16.
A pelada representa uma atividade física em que, além da intermitência inerente ao jogo propriamente dito, o praticante alterna momentos participando efetivamente dos jogos com instantes em que apenas observa seus companheiros (executando pausa ativa ou não); isto porque os indivíduos que compõem os times vencedores continuam a exercer a atividade, enquanto que os outros esperam o início de nova partida para recomeçarem a jogar. Com isso, o evento de pelada significa todos os momentos jogando e/ou de espera em que os sujeitos permanecem no local de prática do futebol recreativo.
Muitos autores17-20 versam sobre o futebol profissional, descrevendo particularidades do esporte e adaptações físicas comumente desencadeadas nos jogadores, entretanto, há escassez de paralelos traçados com o futebol recreativo, restando ainda dúvidas quanto até que ponto podem ou não existir semelhanças entre o jogo executado de forma sistemática e competitiva com aquele em que nada se busca além de satisfação e uso do tempo livre.
Os objetivos deste trabalho foram avaliar o esforço físico requerido durante a prática da pelada, por meio da aferição das variações percentuais da freqüência cardíaca máxima (∆ %FCmáx) e propor a utilização de histogramas como ferramenta de análise para descrever seu comportamento durante o evento.

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